O Programa Balde Cheio é uma metodologia inédita de transferência de tecnologia que contribui para o desenvolvimento da pecuária leiteira em propriedades familiares. Seu objetivo é capacitar profissionais de extensão rural e produtores, promover a troca de informações sobre astecnologias aplicadas regionalmente e monitorar os impactos ambientais, econômicos e sociais, nos sistemas de produção que adotam as tecnologias propostas.
Como funciona?
A capacitação e a troca de informações acontecem na propriedade rural, que se torna uma sala de aula, chamada de unidade demonstrativa (UD). Além disso, a programação inclui aulas teóricas, tanto a extensionistas como a produtores, na Embrapa Pecuária Sudeste e nas propriedades selecionadas.
A partir da estruturação da propriedade com base nas orientações do projeto, a unidade demonstrativa passa a ser uma referência na região.
Parcerias
Uma das principais estratégias do Projeto Balde Cheio são as parcerias efetuadas com diversos tipos de instituições públicas (órgãos de assistência técnica e extensão rural vinculados às Secretarias Estaduais de Agricultura, prefeituras, departamentos de agricultura municipais e instituições de ensino e pesquisa, instituições financeiras, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e privadas (cooperativas, laticínios, associações, federações de agricultura, Sebrae, instituições de ensino e pesquisa, profissionais autônomos).
O envolvimento de parceiras distintas entre diferentes elos da cadeia produtiva do leite confere ao projeto uma base sustentável e dinâmica, colaborando para a formação de uma rede de trabalho em que ocorre uma intensa troca de informações e de conhecimentos.
Situação atual
Até o final de dezembro de 2012, 24 Estados brasileiros já faziam parte do Projeto Balde Cheio, totalizando 710 municípios e mais de 3.831 propriedades rurais, sendo 563 Unidades de Demonstração e 3.268 Propriedades Assistidas.
Como participar?
Produtores e técnicos interessados em participar do projeto devem entrar em contato com o coordenador ou instituição responsável em sua região.
Para mais informações, entre em contato por meio do endereço www.cppse.embrapa.br/sac ou pelo telefone (16) 3411-5626.
Metodologia
O extensionista treinado pela equipe da Embrapa seleciona uma propriedade por município, para servir de referência aos demais produtores daquela região. A propriedade 'sala de aula' deve ter, preferencialmente, as seguintes características:
- Pequeno porte (a partir de 0,5 ha)
- Atividade leiteira como principal fonte de renda
- Familiar, para que não haja interferência no aprendizado das pessoas envolvidas.
Depois de a propriedade ser selecionada e aprovada pela equipe do projeto, o proprietário deverá responder um questionário que identificará, além de seu sistema de produção, aspectos relacionados à situação sócioeconômica da família, bem como questões referentes ao ambiente.
A visita de um instrutor credenciado pelo Projeto Balde Cheio ocorrerá a cada quatro meses durante quatro anos (tempo do projeto), totalizando 12 visitas de acompanhamento. Nessas visitas, além do instrutor credenciado, deverão estar presentes: o extensionista responsável pela Unidade Demonstrativa (UD)D e o produtor. A presença de mais pessoas, ou seja, outros técnicos e produtores de leite da região, deverá ser incentivada.
O extensionista responsável deverá visitar UD na frequência mínima de uma vez por mês.
O produtor de leite que aceitar ser uma UD terá o direito de ser assistido pelos técnicos do Projeto, desde que cumpra com as seguintes obrigações:.
- Realizar, de imediato, exames para detecção de brucelose e tuberculose, descartando
animais positivos. - Permitir que sua propriedade seja visitada por outros produtores e outros técnicos.
- Fazer sempre o que for combinado entre os envolvidos.
- Passar a anotar controles básicos relativos ao clima (chuvas e temperaturas máxima e
mínima), às finanças (despesas e receitas com a atividade leiteira) e ao rebanho
(parições, coberturas, pesagens mensais de fêmeas em crescimento e controles leiteiros,
que nada mais são do que as pesagens ou medições, uma vez ao mês, do leite produzido
por cada uma das vacas em lactação).
Técnicas adequadas a cada propriedade serão propostas e discutidas por todas as pessoas presentes na visita quadrimestral. Dessa forma, possivelmente a solução mais viável será encontrada e a cada visita os problemas vão sendo solucionados e novas perspectivas acabam sendo vislumbradas.
Para que o acompanhamento das UDs seja eficaz e a evolução do trabalho possa ser mensurada, alguns materiais e práticas serão necessários:
- Planilhas para preenchimento no campo pelo produtor, referentes aos controles climáticos,
econômicos e zootécnicos. - Análise do solo.
- Exames para detecção de brucelose e tuberculose.
- Levantamento plani-altimétrico detalhado da propriedade.
- Identificação dos animais com brincos numerados.
- Fita para pesagem de animais.
- Pluviômetro.
- Termômetro de máxima e mínima.
- Quadro circular para gerenciamento da reprodução do rebanho.
- Quadro circular para gerenciamento do desenvolvimento das fêmeas em crescimento.
Os itens 1 e 2 ficarão sob responsabilidade do proprietário da UD. Como contrapartida por permitir que sua propriedade seja transformada numa “sala de aula prática”, as despesas decorrentes dos itens 3 a 10, ficarão a cargo do extensionista responsável pela UD ou da instituição ou empresa ao qual ele esteja vinculado, lembrando que o item 3 somente será pago no primeiro exame.
O desempenho do extensionista será avaliado pela número de Propriedades Assistidas (PAs) exclusivamente por ele e pela qualidade do trabalho nessas propriedades. No grupo das PAs inclui-se todo tipo de propriedades, independentemente do porte, do tamanho do rebanho ou da condição sócioeconômica do proprietário.
Principais tecnologias utilizadas
Agropecuárias: uso intensivo de pastagens, em sistema de pastejo rotacionado; uso de sistemas de irrigação; sobre-semeadura de aveia ou de azevém em pastagens tropicais durante o período da seca; fornecimento de cana-de-açúcar com uréia como suplementação alimentar no período da seca; controle reprodutivo; controle sanitário no rebanho e uso de técnicas de melhoria do conforto e do bem-estar dos animais.
Ambientais: recuperação e conservação da fertilidade do solo; plantio de árvores para formação ou renovação de matas ciliares; preservação de áreas de proteção permanente; controle de efluentes e ações de melhoria da qualidade da água.
Gerenciais: controle zootécnico do rebanho; análise econômica da produção e acompanhamento contábil das propriedades participantes.
Fonte: Embrapa
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